No universo do cinema, a experiência é uma bússola crucial, guiando não apenas os caminhos já percorridos, mas também iluminando os futuros possíveis. É nesse contexto que a renomada Kátia Coelho, com sua vasta trajetória no cinema brasileiro, especialmente na direção de fotografia, trouxe sua visão para a “Imersão Cinematográfica na Periferia”, um projeto que desdobrou horizontes e semeou sonhos na cidade de Aparecida de Goiânia (GO).
Com uma carreira que abraça décadas de transformações na linguagem cinematográfica, Katia é uma testemunha viva das metamorfoses que o cinema brasileiro enfrentou ao longo dos anos. “Me formei em Cinema na Universidade de São Paulo (USP) em 1984 e comecei a trabalhar como assistente de câmera de cinema em 1983, ainda na faculdade”, relembra ela, que testemunhou a transição da captura em película para o domínio do cinema digital.
Ao ser questionada sobre como essa imersão em Aparecida de Goiânia, que aconteceu gratuitamente entre os dias 22 a 26 de abril, no Teatro Cidade Livre, ela diz que “influenciou a percepção e as aspirações dos participantes em relação ao universo cinematográfico”. O cinema e a cultura, segundo ela, emergem como forças transformadoras. “Essa democratização não apenas encoraja a expressão pessoal e artística, como também pode plantar as sementes de futuras profissões. Eu também tive essa oportunidade: ver minha vida se transformar, se tornar interessante através do cinema”, diz.
Descentralizando o Conhecimento Cinematográfico
A descentralização da formação cinematográfica também emerge como um desafio crucial, mas ainda como uma janela de oportunidades inexploradas. Ao considerar os obstáculos e as possibilidades dessa descentralização, Kátia vislumbra um terreno fértil para o florescimento de novos talentos e aspirações, por meio da formação, como foi realizada.
Segundo ela, esse processo de democratização do estudo em cinema iniciou-se com o acesso democrático à internet, que tornou a informação mais acessível. “Anteriormente, os workshops eram restritos ao eixo Rio-São Paulo, e as instituições de ensino superior na área eram escassas. Com o advento do digital, faculdades e universidades de audiovisual proliferaram-se por todo o país, abrindo novas portas para estudantes e entusiastas do cinema”, explica.
Entretanto, ela ressalta que embora a informação esteja mais disponível do que nunca, nada substitui a experiência formativa e presencial, como oferecida pela imersão. “A vivência prática em um set de filmagem, por exemplo, pode equivaler a uma segunda faculdade para um aluno de audiovisual, proporcionando aprendizado, assertividade e até mesmo a valorização dos erros como parte do processo de formação profissional”, explana.
“A Imersão Cinematográfica na Periferia, portanto, não apenas complementou a formação universitária na área, mas também ofereceu uma oportunidade única para aqueles que buscam uma formação paralela ou que estão no início de sua jornada no mundo do cinema. Para os universitários, representou um acréscimo valioso de aprendizado; para os interessados em iniciar sua trajetória cinematográfica, pode servir como um farol orientador, despertando o desejo de explorar novos horizontes”, comenta a professora.
A direção de fotografia é uma dança delicada entre técnica e emoção, e durante o curso, Katia trouxe equilíbrio entre esses dois aspectos essenciais para inspirar e moldar a visão artística dos participantes. “Esse trabalho tem início na leitura de um roteiro, ou seja, já a base da concepção visual é a palavra, a literatura”, ela explica. “Para você se tornar um profissional em direção de fotografia, é necessário entender sobre as várias — vamos chamar assim — artes que se relacionam entre si”, aborda.
Impacto Futuro
Uma pré-produção meticulosa e uso da criatividade na superação de limitações financeiras e artísticas também foram assuntos discutidos pela professora. Após a conclusão do curso, Katia espera que a formação tenha deixado um impacto duradouro na trajetória profissional dos participantes e na cena cinematográfica de Aparecida de Goiânia e regiões próximas.
“A imersão foi mais uma semente”, ela observa. “Espero que os participantes tenham absorvido um pouco da minha forma de construir a fotografia de um roteiro, desde sua discussão artística até o executar financeiramente a obra junto à produção executiva”, finaliza.
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